sábado, 17 de novembro de 2007

Desafios da comunicação no novo século


Pessoal, estou transcrevendo aqui parte de um artigo do Marcel Leal, da Bahia, presidente da Rádio Morena FM. Achei muito interessante e resolvi compartilhar com vcs... Vejam:

Para entender os desafios é preciso falar do que mudou nos últimos 10 anos e o que mudou tudo foi o aparecimento da internet. Veja como a internet interferiu nos outros veículos de mídia:
Tevês
A TV é o meio que mais perde audiência para a web, desde 2000, quando a geração internet passou a ignorá-la. Primeiro perderam porque a maioria navega à noite, justamente no único horário em que a TV tem uma audiência forte, entre 19h e 21h.
Hoje perdem audiência também para videos, seriados e telejornais veiculados na internet. Só faltam as novelas. Aí será a decadência geral da TV aberta. E vai acontecer.
O desafio das tevês é continuar com esta audiência no novo meio, só que elas estão atrasadas e quase nenhuma transmite sua programação online. Isso deu margem para o aparecimento de sites como o YouTube e será difícil recuperar esta audiência.
Outro desafio é a hemorragia de verbas de publicidade, que estão migrando em massa da tv para a internet. E na internet as tevês ainda não têm audiência suficiente para oferecer aos anunciantes. Estão perdendo esta verba para os YouTube da vida e os portais.
Outro problema é que a tv nunca interagiu com o público e terá que mudar toda sua filosofia para isso. É o meio que mais deve sofrer nos próximos anos para superar o desafio.
Rádios
O rádio é o meio que mais cresce e se aproveita da internet. Primeiro porque ele tem uma tradição de interagir com o público, o que facilita entender e servir a geração internet.
Ao transmitir na web ele ganha uma audiência nova sem perder a atual, tem alcance mundial, novas ferramentas para interagir (como email, formulário online e chat), pode exibir video em seu site, entrando na área da TV; reforça sua marca fora da região, facilita parcerias com artistas e gravadoras; tem novas formas de promoção e um faturamento extra na web.
Tudo isso sem perder audiência regional, que é o que vem mostrando as pesquisas. A nova audiência está vindo de outros lugares, sem afetar a tradicional.
O desafio para o rádio é fazer uma programação online separada da local, porque está servindo públicos distintos. Não é difícil fazer uma programação única que agrade os dois grupos, mas os comerciais locais atrapalham ao transmitir online.
Uma rádio local se sustenta só com a verba dos comerciais que veicula. Na internet, o público até gosta de ouvir alguns, para ter aquele gostinho de estar ouvindo ao vivo uma rádio de fora, mas não na quantidade que uma rádio precisa para se manter.
Outro desafio é treinar os locutores para entender que não estão falando para "dona Maria da Mangabinha" e sim para um público mundial, o que inclui dar a hora local junto com a hora GMT, referência para os outros países.
Outro é adequar notícias e dicas de eventos. Mais um desafio é produzir e incluir video, serviços e reforçar o noticiário para impedir a perda de audiência online para outros sites.
Jornais
Apesar de tudo o que ganha com a internet, os jornais de âmbito nacional ou estadual vêm perdendo muito por causa da internet.
Só para dar um exemplo: em 2000 os jornais Folha de São Paulo, Estadão, O Globo e O Dia tinham uma tiragem de 1 milhão e meio de exemplares por dia. Hoje eles não passam de 300 mil por dia e a vendagem se concentra no final de semana.
Seu público migrou para a internet, que já é o principal meio usado pelas pessoas para saber as notícias diárias.
Já os jornais regionais, como A Região, por enquanto só ganharam - e muito - com a web. Por ser semanal, não teve perda alguma de leitores que, aliás, aumentaram no caso de AR.
Além disso, A Região ampliou seu público com mais 120 mil leitores únicos na internet, 35 mil só em Salvador, e passou a alcançar pessoas no mundo inteiro. Em meses de pico chega a 200 mil leitores únicos online.
O desafio dos jornais é conseguir que as empresas anunciem na edição online, porque o ritmo de migração de leitores para a internet não está sendo acompanhado pela publicidade. Vai chegar uma hora em que o jornal terá que eliminar a edição impressa diária, ficando apenas com a do fim de semana.
Conteúdo
Um desafio comum a todos os meios é o conteúdo. O público da internet é composto pelo mesmo público que voce conhece regionalmente, mais uma geração que só usa o meio internet. Eles nunca mandaram uma carta, um fax ou um telegrama. Nunca viram tv nem ouviram rádio em aparelhos normais, nunca leram um jornal ou revista impressos.
Este público requer parte do conteúdo diferente do normal, com assuntos e formato que não cabem no meio tradicional mas casam bem com a web. E querem uma interatividade maior, com chance para se expressar.
Os meios também precisam adotar uma linguagem adequada à internet: curta, objetiva, fácil de ler, que possa ser entendida rapidamente. Neste ponto, a vantagem é do pessoal do rádio, que sempre escreveu assim.
O desafio é achar e treinar quem possa escrever desta maneira com eficiência. Parece fácil, mas é muito mais difícil enxugar um texto que escrever um romance.
Como voce pode ver, na verdade estes desafios são a oportunidade de desbravar um meio novo e fantástico, de somar público, alcance e faturamento. De brigar de igual para igual com empresas infinitamente maiores que voce, mas que não têm a mesma visão.
Vai se dar melhor quem se apaixonar pelo meio. Voce tem que se apaixonar pelo que faz, porque sem paixão... voce não chega a lugar nenhum.

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