quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O Papai noel dos mídias...


O Papai Noel, todos os anos, é quem mais sofre com o Natal. Em Agosto já está recebendo telefonemas dos mídias de agências de publicidade, design, marketing de relacionamento e brindes para assinar contratos com as mais variadas empresas e marcas. A sua imagem é distribuída e pendurada por todo o lado: cartões de Natal, anúncios, bonecos de pelúcia, figuras de chocolate. E depois tem de estar presente em todos os centros comerciais que o querem com criancinhas ao colo e aguentar todos aqueles flashes. Só depois pode fazer o seu trabalho de distribuir os presentes. Mas este ano as coisas foram diferentes.Em Agosto voltou o corre-corre de telefonemas e a chuva de obrigações contratuais. O Papai Noel tomou então uma decisão. - Estou farto! Não aguento mais! Se os mídias estão sempre a me obrigar a fazer isto e aquilo, a partir de agora vou ser mídia! E assim foi. O Papai Noel pôs a sua indumentária característica de lado, pediu um substituto e foi trabalhar para uma agência de publicidade. E foi feliz (por uns tempos). Telefonava a fornecedores/Veículos, negociava e ordenava entregas a torto e a direito. Escrevia com muitos pontos de exclamação e repetia constantemente a palavra “impactante”, “target”... Mas depois descobriu que os criativos não liam os briefings, nem queriam saber dos seus pontos de exclamação, riam-se muito, podiam vestir-se como quisessem e recebiam prêmios. O ex-Papai Noel mexeu então os seus cordões e transformou-se num redator. Como redator fartou-se de pensar e dizer disparates e até conseguiu levar alguns avante, mas por vezes uma criatura mais forte e poderosa arruinava-lhe as suas idéias. Criatura essa conhecida por diretor de arte. Então o ex-Papai Noel decidiu: vou ser diretor de arte. E transformou-se completamente. Começou a fumar charuto, a gritar com os outros, a lançar olhares mortíferos, a viajar muito e a tomar importantes decisões em esplanadas de hotéis de 5 estrelas. Mas deparou-se com alguém mais forte do que ele, alguém que possuía ainda mais dinheiro, poder e influência: o cliente. O ex-Papai Noel diretor de arte, transformou-se em cliente. Enquanto cliente podia agora destruir as mais complexas campanhas com os argumentos mais simples e desarmantes: não gosto! Foram tempos felizes, agora o ex-Papai Noel sentia-se todo-poderoso e repetia para si mesmo: eu tenho sempre razão! Oh! Oh! Oh!Mas algo aconteceu, as vendas do produto que dirigia começaram a cair. Reuniu-se de emergência o conselho de administração e tudo se preparava para despedir o ex-Papai Noel. As vendas do produto é que mandam! - diziam os acionistas. Então deu-se outra transformação, desta vez multiplicada por milhares de unidades: o ex-Papai Noel transformou-se num produto. Administradores, diretores de arte, redatores, mídias, milhares de trabalhadores, todos dependiam e trabalhavam para ele, e ele saía todos os dias da linha de produção, de uma fábrica que só existia por sua causa. Era a glória suprema. Chegou então às prateleiras das lojas e foi embrulhado com todos os tipos de papéis, para ser oferecido no Natal que estava quase a chegar. Então surgiu um velhote a andar vagarosamente pelos corredores do hipermercado e começou a pôr todos os produtos dentro de um gigante saco vermelho. Era o Papai Noel fazendo seu trabalho. E o ex-Papai Noel, agora produto, sentiu na pele (melhor dizendo: no plástico) o poder absoluto da sua ocupação original.Moral da história: o Grupo de Mídia deseja um feliz Natal a todos os presumíveis implicados nesta história. Autor Desconhecido (se souber o autor, manda que eu coloco os créditos).

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